Esta unidade curricular pretende guiar os estudantes por um percurso onde se analisarão os processos e vectores que caracterizaram a ocupação social do espaço que viria a ser Portugal, e os elementos que proporcionaram o aparecimento desse novo reino, surgido em meados do século XII, determinando a sua posterior consolidação como unidade política autónoma e perene, até finais do século XIII. Começaremos, por isso, por uma breve análise das realidades políticas e factores que se estabeleceram anteriormente no território peninsular, para, a partir do estabelecimento da monarquia asturiana e das restantes formações políticas suas vizinhas (cristãs e islâmicas) observar as características e organização social e política que assumiu. Prosseguiremos pela análise do território galaico-duriense e pela relevância do processo de conquista num sistema de apropriação do espaço político, simbólico e de poder que levaria à legitimação da monarquia asturo-leonesa com os expoentes mais significativos em Fernando I e Afonso VI e aos primórdios do condado portucalense. De seguida, analisaremos a questão da separação de Portugal do reino de Leão, no contexto das dinâmicas sociais e políticas que foram configurando a realidade desse novo reino até ao tempo de Afonso III. Tendo como pano de fundo a análise dessa evolução como um processo de tensão dinâmica que soube criar novas realidades, procuraremos compreender as bases da estruturação política e administrativa, económica, social e cultural, tentando integrar estes vectores no papel que na sua época desempenharam como elementos de agregação ou desagregação de uma realidade que acabaria por se consolidar de forma irreversível, como sabemos hoje, mas que no seu próprio tempo não deveria aparecer como tal
Esta Unidade Curricular pretende promover nos estudantes o estudo, trabalho e debate sobre temas fundamentais para a interiorização dos conceitos, formas e mecanismos de evolução/reprodução dos fatores mais característicos e definidores deste período tão rico e tão longo da Idade Média, cujo efeito estruturante será fundamental para os séculos vindouros, mas que tanto deve aos séculos precedentes.
Nessa medida, propomo-nos fazer um percurso através de alguns dos temas e tópicos-chave mais relevantes, tentando estimular o interesse pela compreensão do modo de funcionamento da sociedade medieval destes séculos e suas evoluções, a nível económico, cultural, político e religioso. Essa é a razão para o programa ter sido estruturado simultaneamente com um critério cronológico e temático, procurando a um tempo aprofundar alguns dos temas mais estruturantes do período, mas também proporcionar uma visão panorâmica das evoluções ao longo de uma cronologia que abrande seis séculos.